Despedir-se de 2006 é difícil. Foi sem dúvida o ano mais intenso da minha vida. Começou na virada, cheia de expectativa, que passamos, minha família e eu, na terra do boi – literalmente e no sentido figurado. Era uma churrascaria, era Araçatuba.
Meses depois guardei na gaveta o sonho, já bem concreto e realizado. Voltei pra casa repórter! ...Sem a mínima idéia de como era a hora certa! Ganhei o Ação de presente! Aí foram seis meses de mergulho profundo por um Brasil que eu só conhecia na imaginação.
A viagem começou por Minas Gerais. Primeiro BH, onde testemunhei como a magia do circo é capaz de devolver a quem perdeu a infância, bem cedo, a capacidade de sonhar.
Veio a literatura. Veio Cordisburgo, uma cidade pequenina bem Minas, Brasil de dentro... Terra de Guimarães Rosa, onde seus miguilins resistem ao tempo e a modernidade contando as histórias dos sertanejos. De lá, descobri Itabira e me encontrei com Drummond.
Ele estava por toda parte. O vi nos morros sangrados pela mineração, no povo de ferro orgulhoso, "noventa porcento de ferro nas calçadas, oitenta porcento de ferro nas almas"... Estava na casa onde nasceu e nos seus drummonzinhos talentosos...
Em São João Del Rei, o oposto da poesia.
A freira exploradora de criancinhas, a hipocrisia da Igreja e a cumplicidade reacionária de uma política do século passado.
Ceará.
O sertão, a Fortaleza.
Aracati das cabritas, da gente de pouca fala e coração generoso. Por lá, descobri que da aridez da terra emerge uma força que só quem tem fome de tudo conhece.
Canoa quebrada, ilusão pra turista... Em Icapuí, Ah Icapuí... Descoberta do paraíso! Cidade de pescadores organizados que fazem sua própria política. Litoral de falésias, de cabanas, de mangues sem fim. Lição de como homem e natureza podem ser parceiros de igual pra igual, sem dominação.
Paraná. Londrina – karatê.
Em um sobrado quase escondido, visitei um grupo de idosos, que se reúne dia sim, dia não para lutar pela vida. Com eles, aprendi que não é preciso mais do que movimentos lentos, muitas vezes imprecisos e claro, alegria para vencer inimigos fortes como o medo, o tempo e a solidão.
Maringá – honestidade.
Como esquecer Dona Ione, que me recebeu no sofazinho de casa como se eu fosse da família. Dividiu comigo seus arquivos secretos. Lembranças dos prêmios que recebeu por, pasmem! Ser honesta. “No Brasil é tudo tão estranho que ganhei um monte de coisa só por fazer o que aprendi que é certo.”
D. Ione, foi a primeira brasileira a devolver o cartão do bolsa-família. Quando o marido, há meses desempregado conseguiu trabalho e um salário de 300 reais, ela achou injusto continuar recebendo o auxílio de 50 reais e enfrentou a burocracia de um sistema que não foi preparado para iniciativas como a dela. Ou seja, pra gente honesta... Quando perguntei por quê tanto empenho... A resposta: “Há gente que precisa bem mais do que eu”.
Do Paraná para Cuiabá.
Confesso que não esperava tanta beleza. O Mato Grosso me fez apaixonar! Fui pra lá duvidando do poder do hip-hop da periferia cuiabana e acabei surpresa com a capacidade de reinvenção do movimento urbano. Surpresa também com o idealismo de gente como o mestre Marcelo, que transformou a garagem alugada de 3mX5m em academia de jiu-jitsu para tirar da rua crianças e jovens que não tinham por quê lutar.
Tive meus momentos de êxtase. Vi a chapada dos Guimarães e fiquei tonta com tanta beleza. Nadei em cachoeira, conversei com mãe d´água e visitei a Cidade de Pedra.
Rally no areião.
Desafio, auto-conhecimento...
Rara beleza.
Depois fui pro Rio.
Passei um medo danado, mas contei algumas de suas histórias. A de Luciana que enfrenta a falta de perspectiva cantando. A de tantos de seus colegas de Galpão Aplauso... Gente que pinta, interpreta, faz circo e dribla o temor sonhando bem acordado.
Em Niterói, no campinho improvisado, o sonho da bola.
Do Recife, Cidade do Cabo... E lá a descoberta concreta do feminismo.
Uma associação, uma rádio. Centenas e milhares de mulheres envolvidas num projeto de empoderamento. Feminismo real!
Dança que devolve dignidade. Práticas incansáveis de convencimento em plena zona da mata.
Pequenas vitórias.
Possibilidade de escolha. O poder do diálogo...
Enfrentamento do machismo no engenho e na cidade.
Feminismo que não é bandeira, nem passado, nem palanque, nem literatura.
Guerra diária contra o patriarcado.
Resposta a violência.
Direito de dizer não.
Rolê por um Brasil de muitas sotaques, mas uma única voz, que não precisa gritar para ser ouvida... E hoje, lembrando de todos esses personagens que me honram como pessoa e como jornalista sei como essa foi a grande lição. Fazer a voz ecoar, sem gritar...
O mês passado, essa viagem terminou. Outras virão, mas jamais a esquecerei. Hoje estou editora, a alma ainda é repórter, quem sabe um pouco mais madura, um pouco mais infantil - reflexo de tanto exercitar o olhar inocente.
Sei que desço do bonde 2005 muito mais apaixonada pelas pessoas de cada rincão dessa terra. Gente que luta, e que, sem dúvida, dão um sentido maior a minha vida e o meu trabalho. Não posso agradecer a cada uma delas. Jamais poderei. Gratidão grande demais... Mas prometo que com a ajuda de Deus e o apoio de todos que amo, farei deste ANO NOVO, novinho em folha, uma viagem ainda melhor! Que venha 2006!!!
domingo, dezembro 25, 2005
quinta-feira, dezembro 22, 2005
A verdadeira arte de viajar
A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!
(Quintana in "A cor do invisível")
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!
(Quintana in "A cor do invisível")
Adoro Mário Quintana.
Conversamos agora pouco.
Depois de um dia tentando me conformar, encontrei uma frase dele perdida dentro de uma carta:
"As coisas não se perdem, só mudam de dono".
Muitas coisas minhas mudaram de dono, ontem.
Talvez...
Não sei se concordo com isso, mas a frase me fez pensar...
Já que eu não tenho dono, me conformo, por fim. Afinal, por quê elas teriam?
Depois de um dia tentando me conformar, encontrei uma frase dele perdida dentro de uma carta:
"As coisas não se perdem, só mudam de dono".
Muitas coisas minhas mudaram de dono, ontem.
Talvez...
Não sei se concordo com isso, mas a frase me fez pensar...
Já que eu não tenho dono, me conformo, por fim. Afinal, por quê elas teriam?
quarta-feira, dezembro 21, 2005
157
...Assalto à mao armada.
- Sai do carro, sai do carro!!! Se tentar eu atiro!! Sai, sai!!!
Eram 3 moleques, tinham menos de 15 anos e um revólver. Eu?
Só tinha medo.
Me abordaram na porta de casa... Chegando de 12 horas de trampo.
Meu carro, minha bolsa, o celular... Tudo sumiu na esquina com o barulho forte do carro desgovernando.
Não lembro da sequência exata dos fatos... Minha cabeça ainda é susto, desordem...
Tenho flashes confusos que se misturam. Delegacia, telefonemas intermináveis, musiquinhas de espera. Muita espera... Policiais em casa, no dp. Baratas. Burocracia. Fome, sono, impotência... Sentimento que não suporto!
Madrugada dificil, mas encontraram o carro. Sem som, sem todos os meus cds, sem meu porta-cds! Sem bolsa, sem celular.
Eu, sem sossego.
Noite comprida!
Violenta, revoltosa... Resignada.
Fragmentos dificeis de organizar que me confundiram o dia todo.
Nao fui trabalhar, nao consegui. Pelo menos, agora faltam só seis jornais.
Pulei dois...
Poucos sustos me assustaram tanto.
Quando ele passar, volto a escrever.
- Sai do carro, sai do carro!!! Se tentar eu atiro!! Sai, sai!!!
Eram 3 moleques, tinham menos de 15 anos e um revólver. Eu?
Só tinha medo.
Me abordaram na porta de casa... Chegando de 12 horas de trampo.
Meu carro, minha bolsa, o celular... Tudo sumiu na esquina com o barulho forte do carro desgovernando.
Não lembro da sequência exata dos fatos... Minha cabeça ainda é susto, desordem...
Tenho flashes confusos que se misturam. Delegacia, telefonemas intermináveis, musiquinhas de espera. Muita espera... Policiais em casa, no dp. Baratas. Burocracia. Fome, sono, impotência... Sentimento que não suporto!
Madrugada dificil, mas encontraram o carro. Sem som, sem todos os meus cds, sem meu porta-cds! Sem bolsa, sem celular.
Eu, sem sossego.
Noite comprida!
Violenta, revoltosa... Resignada.
Fragmentos dificeis de organizar que me confundiram o dia todo.
Nao fui trabalhar, nao consegui. Pelo menos, agora faltam só seis jornais.
Pulei dois...
Poucos sustos me assustaram tanto.
Quando ele passar, volto a escrever.
terça-feira, dezembro 20, 2005
Dias de brincar sozinha
A contagem é regressiva: Faltam agora 9 jornais! É jornal pra caramba!!! Mas o bom é que tô tendo muito tempo pra passar só comigo... Escapar e fazer pequenas vontades.
Ontem, na hora do almoço fui no fliperama! Cansei da tv e fui brincar um pouco... A vida tava séria demais!
Durante a brincadeira descobri coisas incríveis... Tive a certeza que eu ainda sou muito adolescente e com uma vantagem... Sou adulta o bastante para bancar quase todas as minhas vontades. Perfeito, não?
Parece óbvio, mas eu não tinha pensado nisso! Aliás, nos últimos meses tenho descoberto um monte de coisa que eu não sabia...
Fiquei com vontade de almoçar hambúrguer, almocei! Quis tomar sorvete - ninguém pra dizer melhor não... - fui lá e tomei! Joguei fliperama até cansar... Carrinho, moto...
Depois quis chocolate... Aí... é segredo - Roubei garrafinha de licor da Kopenhagen! Hehehe!!! Tava todo mundo tão ocupado vendendo e comprando panetone que nem percebeu! Nossa, que vergonha!!!
(Ok, sem vergonha... faz parte do pacote! Adolescente é mesmo assim...)
De noite fiquei brincando com meu brinquedo novo. Um notebook, que eu comprei! É muito legal poder comprar os próprios brinquedos!!!
Além disso, agora ninguém me segura, vou virar escritora... Nem que seja de novela mexicana! Sou praticamente o ídolo da minha infância!!!
Dormi tarde, acordei cedo!
Tô trabalhando de novo, mas tenho planos! Quero me divertir na hora do almoço! Esticar o tempo o quanto eu posso e aprontar mais alguma bobagem, que eu, tonta, tô adorando fazer!
Na verdade, ficar sozinha tempo demais é ruim... O coração continua cada vez mais apertado... Mas como não tem outro jeito, tô fazendo o melhor pra passar bem essa semana de emoções fortes e... de plantão!!!
Acho que é um bom fecho pro meu ciclo de auto conhecimento... Depois de tanto rolê, agora sou eu comigo, por aqui mesmo! Se eu passar por essa, acho que páro de fugir... E tô pronta pra qq uma, pra qq coisa!
Parece filosofia barata, mas é mesmo dentro da gente que os sentimentos não precisam de motivos, nem os desejos de razão... Descubrir isso liberta!
Ok! Ainda não consegui tomar a rédea da minha vida... Há muito por ser feito... Surtos são iminentes...
Mas tô mais tolerante comigo, como nunca estive e isso me deixa um pouquinho feliz.
Consigo entender cada dia melhor o que significa liberdade. Mas com esse brinquedo, definitivamente, não é sozinha que eu estou aprendendo a brincar...
Ontem, na hora do almoço fui no fliperama! Cansei da tv e fui brincar um pouco... A vida tava séria demais!
Durante a brincadeira descobri coisas incríveis... Tive a certeza que eu ainda sou muito adolescente e com uma vantagem... Sou adulta o bastante para bancar quase todas as minhas vontades. Perfeito, não?
Parece óbvio, mas eu não tinha pensado nisso! Aliás, nos últimos meses tenho descoberto um monte de coisa que eu não sabia...
Fiquei com vontade de almoçar hambúrguer, almocei! Quis tomar sorvete - ninguém pra dizer melhor não... - fui lá e tomei! Joguei fliperama até cansar... Carrinho, moto...
Depois quis chocolate... Aí... é segredo - Roubei garrafinha de licor da Kopenhagen! Hehehe!!! Tava todo mundo tão ocupado vendendo e comprando panetone que nem percebeu! Nossa, que vergonha!!!
(Ok, sem vergonha... faz parte do pacote! Adolescente é mesmo assim...)
De noite fiquei brincando com meu brinquedo novo. Um notebook, que eu comprei! É muito legal poder comprar os próprios brinquedos!!!
Além disso, agora ninguém me segura, vou virar escritora... Nem que seja de novela mexicana! Sou praticamente o ídolo da minha infância!!!
Dormi tarde, acordei cedo!
Tô trabalhando de novo, mas tenho planos! Quero me divertir na hora do almoço! Esticar o tempo o quanto eu posso e aprontar mais alguma bobagem, que eu, tonta, tô adorando fazer!
Na verdade, ficar sozinha tempo demais é ruim... O coração continua cada vez mais apertado... Mas como não tem outro jeito, tô fazendo o melhor pra passar bem essa semana de emoções fortes e... de plantão!!!
Acho que é um bom fecho pro meu ciclo de auto conhecimento... Depois de tanto rolê, agora sou eu comigo, por aqui mesmo! Se eu passar por essa, acho que páro de fugir... E tô pronta pra qq uma, pra qq coisa!
Parece filosofia barata, mas é mesmo dentro da gente que os sentimentos não precisam de motivos, nem os desejos de razão... Descubrir isso liberta!
Ok! Ainda não consegui tomar a rédea da minha vida... Há muito por ser feito... Surtos são iminentes...
Mas tô mais tolerante comigo, como nunca estive e isso me deixa um pouquinho feliz.
Consigo entender cada dia melhor o que significa liberdade. Mas com esse brinquedo, definitivamente, não é sozinha que eu estou aprendendo a brincar...
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Tempo
O tempo é um negócio engraçado, mas nunca se engana.
Tem coisas que demoram, demoram demorando e a gente acaba esquecendo mesmo com toda a demora. Outras são rápidas e surgem tão de repente que antes que se perceba ficam para sempre.
Elas são generosas e vem como milagres... Ainda que não se acredite. Vem de onde e quando menos se espera.
Surpresas que inundam a vida da gente de alegria. Rompem a rotina. Bagunçam tudo! Deixam o mundo deliciosamente mais colorido...
Por falar em mundo... O meu amanheceu meio desbotado, quase preto-e-branco. Até o sol ficou com preguiça e desistiu de fazer calor.
Tenho frio e é culpa do tempo... Mesmo que outro... Outro tempo... O tempo, aquele, que não se engana.
A falta de previsão me assusta, logo eu que nunca acreditei em previsão do tempo. Em previsão nenhuma.
Sempre duvidei das certezas, devia estar feliz com a imprevisão. Estou. Não estou.
Menina dos imprevistos, da surpresa, do inesperado... Tudo bobagem!
Boba menina... Sábia menina... Saudade de outra menina.
Mas o tempo é mesmo um negócio engraçado. Às vezes precisamos de tanto, às vezes de tão pouco... O tempo! Ah o tempo é um negócio engraçado e que nunca se engana.
O sol apareceu, mas continua escondido. Voltou a chover... Em mim. E antes que inunde... Vou parar. Pegar uma blusa. Poupar o leitor...
Eu que sempre acelerei, vou aprendendo a ir sem pressa...
Pra quê pressa?
Vai continuar frio e sobrar tempo demais pra escrever nos próximos dias...
Tem coisas que demoram, demoram demorando e a gente acaba esquecendo mesmo com toda a demora. Outras são rápidas e surgem tão de repente que antes que se perceba ficam para sempre.
Elas são generosas e vem como milagres... Ainda que não se acredite. Vem de onde e quando menos se espera.
Surpresas que inundam a vida da gente de alegria. Rompem a rotina. Bagunçam tudo! Deixam o mundo deliciosamente mais colorido...
Por falar em mundo... O meu amanheceu meio desbotado, quase preto-e-branco. Até o sol ficou com preguiça e desistiu de fazer calor.
Tenho frio e é culpa do tempo... Mesmo que outro... Outro tempo... O tempo, aquele, que não se engana.
A falta de previsão me assusta, logo eu que nunca acreditei em previsão do tempo. Em previsão nenhuma.
Sempre duvidei das certezas, devia estar feliz com a imprevisão. Estou. Não estou.
Menina dos imprevistos, da surpresa, do inesperado... Tudo bobagem!
Boba menina... Sábia menina... Saudade de outra menina.
Mas o tempo é mesmo um negócio engraçado. Às vezes precisamos de tanto, às vezes de tão pouco... O tempo! Ah o tempo é um negócio engraçado e que nunca se engana.
O sol apareceu, mas continua escondido. Voltou a chover... Em mim. E antes que inunde... Vou parar. Pegar uma blusa. Poupar o leitor...
Eu que sempre acelerei, vou aprendendo a ir sem pressa...
Pra quê pressa?
Vai continuar frio e sobrar tempo demais pra escrever nos próximos dias...
terça-feira, dezembro 13, 2005
Hoje foi dia...
Dia de se perder, quem sabe de se achar...
Escrevi muito...
Quem sabe um dia eu publique. Quem sabe, não...
Escrevi muito...
Quem sabe um dia eu publique. Quem sabe, não...
sábado, dezembro 10, 2005
Hoje pensei muito na minha avó...
Foi um dia dificil... Cheio de fatos sobre os quais ainda não consigo falar. Só sei que muitas vezes, quando eu me confundo com meus sentimentos, lembro dela...
Minha avó me ensinou muito sobre o amor! A história da minha vida e a e do jeito dela de amar estão muito ligadas, se confundem. Ela sempre me amou muito, mas eu, desde muito cedo procurei mostrar a ela que eu era livre e não cabia em seu colo protetor. Pousava por lá, sempre que precisava de força, mas em seguida voava. Foram anos, aprendendo e ensinando minha avozinha, a dosar o amor... Ensinando que era possível, amar com toda a intensidade, sem sufocar o que se ama.
No fim da vida, ela – pelo menos comigo – encontrou o caminho. Estava sempre ali, por perto. Enfeitava os bastidores da minha vida com o capricho de suas mãos caprichosas e seu coração generoso. Sempre tinha um abraço quentinho, despretensioso me esperando e aquele olhar pidão – pleno, e ao mesmo tempo carente do meu afeto.
Um paradoxo, porque ela se foi com a minha lição, muitas de minhas certezas e me deixou a herança do exagero. Há cinco anos, fiquei órfã de um dos pesos mais fortes que me equilibravam. Não soube lapidar a herança... Estraguei o tesouro e andei amando demais, amando de menos... No meio de tudo, tomei um porre de amor daqueles de ressaca comprida. Comprida e ainda não cumprida.
Me prendi tanto e por tanto tempo, com medo de, de novo, amar demais... Que hoje sou pura paixão e tenho medo do amor.
São tantos os paradoxos...
Foram anos fugindo de mim, me apaixonando por ai e escapando sempre um pouco antes de me entregar. Foi assim com o trabalho... Foi assim com os amigos, com os relacionamentos, com os meus sonhos. Foi assim em São Paulo, em Floripa, em Rio Preto, Araçatuba... De novo em São Paulo...
Tô tonta de tanto rodar... Não reclamo. Me encontrei um pouquinho em cada canto. Continuo procurando, mas aprendi a me cuidar, ser auto-suficiente, a me divertir comigo mesma, a confiar em mim, a ser egoísta...
Mas ser sozinha cansa... Mesmo quando estar sozinha parece ser tudo o que se quer. E é muito cansada que hoje me percebi no caminho de volta... Percebi que tudo que eu quero é um colo quentinho, pra pousar ... é ter alguém pra voar junto, de vez em quando... Alguém pra dividir o que a Nadia, inteira, anda fazendo e descobrindo por ai, mesmo quando voa sozinha.
Tive que desaprender tanto pra aprender o que minha criança já sabia... Hoje tenho que me virar sem minha professora/aprendiz e perder por minha conta a dividir esse meu medo de mim.
Minha avó me ensinou muito sobre o amor! A história da minha vida e a e do jeito dela de amar estão muito ligadas, se confundem. Ela sempre me amou muito, mas eu, desde muito cedo procurei mostrar a ela que eu era livre e não cabia em seu colo protetor. Pousava por lá, sempre que precisava de força, mas em seguida voava. Foram anos, aprendendo e ensinando minha avozinha, a dosar o amor... Ensinando que era possível, amar com toda a intensidade, sem sufocar o que se ama.
No fim da vida, ela – pelo menos comigo – encontrou o caminho. Estava sempre ali, por perto. Enfeitava os bastidores da minha vida com o capricho de suas mãos caprichosas e seu coração generoso. Sempre tinha um abraço quentinho, despretensioso me esperando e aquele olhar pidão – pleno, e ao mesmo tempo carente do meu afeto.
Um paradoxo, porque ela se foi com a minha lição, muitas de minhas certezas e me deixou a herança do exagero. Há cinco anos, fiquei órfã de um dos pesos mais fortes que me equilibravam. Não soube lapidar a herança... Estraguei o tesouro e andei amando demais, amando de menos... No meio de tudo, tomei um porre de amor daqueles de ressaca comprida. Comprida e ainda não cumprida.
Me prendi tanto e por tanto tempo, com medo de, de novo, amar demais... Que hoje sou pura paixão e tenho medo do amor.
São tantos os paradoxos...
Foram anos fugindo de mim, me apaixonando por ai e escapando sempre um pouco antes de me entregar. Foi assim com o trabalho... Foi assim com os amigos, com os relacionamentos, com os meus sonhos. Foi assim em São Paulo, em Floripa, em Rio Preto, Araçatuba... De novo em São Paulo...
Tô tonta de tanto rodar... Não reclamo. Me encontrei um pouquinho em cada canto. Continuo procurando, mas aprendi a me cuidar, ser auto-suficiente, a me divertir comigo mesma, a confiar em mim, a ser egoísta...
Mas ser sozinha cansa... Mesmo quando estar sozinha parece ser tudo o que se quer. E é muito cansada que hoje me percebi no caminho de volta... Percebi que tudo que eu quero é um colo quentinho, pra pousar ... é ter alguém pra voar junto, de vez em quando... Alguém pra dividir o que a Nadia, inteira, anda fazendo e descobrindo por ai, mesmo quando voa sozinha.
Tive que desaprender tanto pra aprender o que minha criança já sabia... Hoje tenho que me virar sem minha professora/aprendiz e perder por minha conta a dividir esse meu medo de mim.
domingo, dezembro 04, 2005
Domingo de plantão...
Domingo de plantão é sempre esquisito. O tempo passa lento. Sempre faz sol e a gente fica mais sensível...
Indo trabalhar fiquei reparando em como a cidade fica bonita com pouca gente, menos pressa. Todo mundo parece mais feliz. E eu fico com preguiça dessa vida de gente grande.
Eu, pequena e menina me assusto com a redação vazia.
Por alguns instantes, saio da ilha e viajo pra praia... Volto!
Posso ouvir a respiração dos solitários. Vez ou outra toca o telefone... Alô! E aí filhinho como foi na festa? Comeu direitinho? Não esquece de escovar os dentes... Momentos que se perdem, e só eu sou testemunha.
O trabalho não é muito, mas rende pouco.
A tarde vai... Percebo que já é tarde e eu continuo por aqui.
Olhar perdido, de olho na segunda, cada hora mais perto.
Medo da semana que recomeça, sem o fim-de-semana.
Devia ser proibido trabalhar domingo!
Indo trabalhar fiquei reparando em como a cidade fica bonita com pouca gente, menos pressa. Todo mundo parece mais feliz. E eu fico com preguiça dessa vida de gente grande.
Eu, pequena e menina me assusto com a redação vazia.
Por alguns instantes, saio da ilha e viajo pra praia... Volto!
Posso ouvir a respiração dos solitários. Vez ou outra toca o telefone... Alô! E aí filhinho como foi na festa? Comeu direitinho? Não esquece de escovar os dentes... Momentos que se perdem, e só eu sou testemunha.
O trabalho não é muito, mas rende pouco.
A tarde vai... Percebo que já é tarde e eu continuo por aqui.
Olhar perdido, de olho na segunda, cada hora mais perto.
Medo da semana que recomeça, sem o fim-de-semana.
Devia ser proibido trabalhar domingo!
quinta-feira, novembro 17, 2005
Desabandono
Ser humano tem mania de dar nome em tudo. Em coisa, em bicho, nas pessoas... No que se mexe e até no que nem mexe com a gente.
A semiótica explica isso como herança de nossos ancestrais, mania nossa, desde os primeiros uga-ugas... De fato, ao recortar os sons e atribuir-lhes significado nomeamos mundo e acabamos trocamos a vida real por milhões de palavras.
Longe de mim, querer criticar o raio da história e bem elas, as palavras que são a matéria-prima do meu sustento. Mas penso que isso nos deixa marcas ainda mais profundas. Quando trocamos a realidade por símbolos, nos transformamos em rotuladores da vida.
Sem perceber, viramos adjetivos, amamos pronomes e não temos mais do que substantivos. O risco de nos tornarmos escravos das convenções é grande!
Abandonei o abandono e entrei numa fase inventante.
Que esse avesso todo, sem nome, subverta!
A semiótica explica isso como herança de nossos ancestrais, mania nossa, desde os primeiros uga-ugas... De fato, ao recortar os sons e atribuir-lhes significado nomeamos mundo e acabamos trocamos a vida real por milhões de palavras.
Longe de mim, querer criticar o raio da história e bem elas, as palavras que são a matéria-prima do meu sustento. Mas penso que isso nos deixa marcas ainda mais profundas. Quando trocamos a realidade por símbolos, nos transformamos em rotuladores da vida.
Sem perceber, viramos adjetivos, amamos pronomes e não temos mais do que substantivos. O risco de nos tornarmos escravos das convenções é grande!
Abandonei o abandono e entrei numa fase inventante.
Que esse avesso todo, sem nome, subverta!
terça-feira, novembro 08, 2005
LIBRA (23/09 A 22/10)
Terça-Feira , 08 de Novembro de 2005
"Não culpe a escassez para explicar sua insatisfação, libriano. Reflita sobre o seu papel nas dificuldades materiais ou emocionais que esteja enfrentando. Uma nova forma de intimidade e de união precisa acontecer. É tudo ou nada, nativo de Libra."
"Não culpe a escassez para explicar sua insatisfação, libriano. Reflita sobre o seu papel nas dificuldades materiais ou emocionais que esteja enfrentando. Uma nova forma de intimidade e de união precisa acontecer. É tudo ou nada, nativo de Libra."
domingo, junho 19, 2005
Lição de poesia
Quando se sonha antes mesmo de dormir e se acorda na crise da desesperança, bagunça. Por isso, há neste verso cumprido um resto qualquer de inconformismo.
Viro, reviro, canso.
Chego ao limite do tédio às convenções e a tudo que é previsível.
Acabaram quase todas as certezas, resta apenas uma: entre a primeira letra e o ponto final sou eu, talvez outra. Ou seja, nenhuma.
Hoje lembrei que o mundo são regras milhares. E todas sem sentido.
Há quanto tempo como sem fome, só porque está na hora.
Durmo, sem sono, só porque é preciso descansar. Descansar de quê?
Quando foi que me acostumei com o bom dia frio dos despertadores?
Me pergunto mais, me pergunto muito!
Cadê a alegria e a falta de medo?
Onde perdi as minhas dúvidas? E eram tantas...
Onde ficaram meu encantamento, minhas descobertas?
Há tanto por saber. Demais para um peito quase endurecido. Bruto.
Sinto que vago, vagamos e só. E há covardia por toda a parte. E há motivos demais para se fazer coisas sem sentido.
O costume é companheiro fiel e é ele que tanto nos trai.
No tempo da desesperança, acredita-se tão pouco em liberdade que fica difícil arriscar. Quando se ousa, o esforço é tamanho que acomoda. Não se tenta nunca mais.
Quando se ama uma vez só, ama-se mal e morre-se para o amor.
Não quero morrer.
Viro, reviro, canso.
Chego ao limite do tédio às convenções e a tudo que é previsível.
Acabaram quase todas as certezas, resta apenas uma: entre a primeira letra e o ponto final sou eu, talvez outra. Ou seja, nenhuma.
Hoje lembrei que o mundo são regras milhares. E todas sem sentido.
Há quanto tempo como sem fome, só porque está na hora.
Durmo, sem sono, só porque é preciso descansar. Descansar de quê?
Quando foi que me acostumei com o bom dia frio dos despertadores?
Me pergunto mais, me pergunto muito!
Cadê a alegria e a falta de medo?
Onde perdi as minhas dúvidas? E eram tantas...
Onde ficaram meu encantamento, minhas descobertas?
Há tanto por saber. Demais para um peito quase endurecido. Bruto.
Sinto que vago, vagamos e só. E há covardia por toda a parte. E há motivos demais para se fazer coisas sem sentido.
O costume é companheiro fiel e é ele que tanto nos trai.
No tempo da desesperança, acredita-se tão pouco em liberdade que fica difícil arriscar. Quando se ousa, o esforço é tamanho que acomoda. Não se tenta nunca mais.
Quando se ama uma vez só, ama-se mal e morre-se para o amor.
Não quero morrer.
terça-feira, maio 03, 2005
O caminho de volta
Ir é quase sempre bom, voltar é que é difícil.
Por isso, sempre preferi as partidas as chegadas. Mas o mundo gira e sempre nos traz de volta.
Fui longe nessa última busca, bem onde nunca pensei que pudesse.
Quando se vai em busca de algo em lugares como esse, em que pouca gente procura, a chance de se encontrar é grande. E aconteceu.
Lembro do calor derretendo o primeiro frio na barriga. A terra fervia e meus sonhos também. Ainda posso sentir a ansia e o vigor da nova luta. O poder do é tudo possível!
Fui mesmo longe nesta última busca... Com a energia que só vem do fundo da alma. Com ela mudei o mundo, o meu mundo. Conheci uma terra encantada de gente. Gente encantada da terra. Homens e mulheres de enxada, suor e sonho. Jovens com medo de tudo. Velhos de espírito livre.
Nadei no rio da esperança e dele pesquei o alimento de que precisava. Foram centenas de pores-do-sol, de auroras e de pouco sono, pouco tempo... Engoli meu novo mundo com fome demais.
Hoje de volta ao ponto de partida lembro de ontem com saudade, mas com a certeza de tê-lo vivido todo, de estar impregnada com sua melhor parte. Sinto seu gosto, gosto, mas sei-me de volta. E cá estou do outro lado da ponte, cerrrrrta de ser um pouco eu, um pouco outra e de que a viagem continua.
Por isso, sempre preferi as partidas as chegadas. Mas o mundo gira e sempre nos traz de volta.
Fui longe nessa última busca, bem onde nunca pensei que pudesse.
Quando se vai em busca de algo em lugares como esse, em que pouca gente procura, a chance de se encontrar é grande. E aconteceu.
Lembro do calor derretendo o primeiro frio na barriga. A terra fervia e meus sonhos também. Ainda posso sentir a ansia e o vigor da nova luta. O poder do é tudo possível!
Fui mesmo longe nesta última busca... Com a energia que só vem do fundo da alma. Com ela mudei o mundo, o meu mundo. Conheci uma terra encantada de gente. Gente encantada da terra. Homens e mulheres de enxada, suor e sonho. Jovens com medo de tudo. Velhos de espírito livre.
Nadei no rio da esperança e dele pesquei o alimento de que precisava. Foram centenas de pores-do-sol, de auroras e de pouco sono, pouco tempo... Engoli meu novo mundo com fome demais.
Hoje de volta ao ponto de partida lembro de ontem com saudade, mas com a certeza de tê-lo vivido todo, de estar impregnada com sua melhor parte. Sinto seu gosto, gosto, mas sei-me de volta. E cá estou do outro lado da ponte, cerrrrrta de ser um pouco eu, um pouco outra e de que a viagem continua.
segunda-feira, abril 25, 2005
Hoje choveu...
...choveu muito e eu que sempre vi poesia na chuva, descobri que ela é maior que qualquer clichê.
Falar de esperança é falar de simplicidade. Quanto mais sofisticado o ser humano, maior o vazio.
Há pouca vibração dentro de casas com piscina. Pouco diálogo ao redor de taças cheias. Prefiro o falar alto da esquina. O barulho da carne na grelha improvisada, do anel da lata de cerveja.
Há tanta verdade na pobreza!
Descobri que em quem sente a barriga doer de fome e dorme com medo da água invadir a casa, a alma e levar tudo embora está uma das maiores verdades da chuva.
Ela está no susto da madrugada, na enxurrada que devora os ralos e entra em tudo. Está no rodo cansado, no esgoto que encarde o dia, leva os móveis, a saúde, mas nunca a esperança.
Fica escondida no olhar triste, na piada do vizinho.
Lá dentro da geladeira vazia, que dessa vez, a chuva não levou.
Na lágrima contida que evapora devagar, como a água. Na fé que se conforma com o pouco que sobra. No pouco que é tudo. Na força que torna a dor em força e faz o dia nascer simples, com menos tudo, mas nunca sem ela: sim! de novo, a esperança.
(Aos moradores do bairro Umuarama, de Araçatuba, que nunca lerão esse texto, mas que me ensinaram tanto sobre a beleza da chuva.)
Falar de esperança é falar de simplicidade. Quanto mais sofisticado o ser humano, maior o vazio.
Há pouca vibração dentro de casas com piscina. Pouco diálogo ao redor de taças cheias. Prefiro o falar alto da esquina. O barulho da carne na grelha improvisada, do anel da lata de cerveja.
Há tanta verdade na pobreza!
Descobri que em quem sente a barriga doer de fome e dorme com medo da água invadir a casa, a alma e levar tudo embora está uma das maiores verdades da chuva.
Ela está no susto da madrugada, na enxurrada que devora os ralos e entra em tudo. Está no rodo cansado, no esgoto que encarde o dia, leva os móveis, a saúde, mas nunca a esperança.
Fica escondida no olhar triste, na piada do vizinho.
Lá dentro da geladeira vazia, que dessa vez, a chuva não levou.
Na lágrima contida que evapora devagar, como a água. Na fé que se conforma com o pouco que sobra. No pouco que é tudo. Na força que torna a dor em força e faz o dia nascer simples, com menos tudo, mas nunca sem ela: sim! de novo, a esperança.
(Aos moradores do bairro Umuarama, de Araçatuba, que nunca lerão esse texto, mas que me ensinaram tanto sobre a beleza da chuva.)
sábado, março 19, 2005
Nos entendemos todos...
Hoje eu vi uma multidão que gritava uma dor que fingia ser sua, e que de fato o era, mas eles não sabiam. Protestavam pedindo melhores salários, conduzidos, como de costume, por palavras e homens de ordens.
Havia muita gritaria, pouca emoção.
A verdade não estava em palavra alguma. Estava nos olhares miseráveis, de quem já se acostumara com pouco pão, com pouco sonho.
Enquanto tentava fugir delas, as palavras, para que não me traíssem, olhava alguns olhos. Foi um exercício e tanto, porque anda cada vez mais difícil esse negócio de olhar nos olhos!
Fitava os manifestantes.
Alguns abaixavam a cabeça, mas encontrei olhares corajosos. Feitos de uma coragem medrosa, escondida em sorrisos tímidos, ou mais uma vez nelas, as palavras. Mas há mesmo metafísica demais em pensar o mundo. Deixei de lado os porquês e por um instante me permiti não entender.
Havia muita gritaria, pouca emoção.
A verdade não estava em palavra alguma. Estava nos olhares miseráveis, de quem já se acostumara com pouco pão, com pouco sonho.
Enquanto tentava fugir delas, as palavras, para que não me traíssem, olhava alguns olhos. Foi um exercício e tanto, porque anda cada vez mais difícil esse negócio de olhar nos olhos!
Fitava os manifestantes.
Alguns abaixavam a cabeça, mas encontrei olhares corajosos. Feitos de uma coragem medrosa, escondida em sorrisos tímidos, ou mais uma vez nelas, as palavras. Mas há mesmo metafísica demais em pensar o mundo. Deixei de lado os porquês e por um instante me permiti não entender.
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
Faz tempo...
que não escrevo, que não amo, que não pulso. Mas aconteceu!
Tenho feito das palavras apenas trabalho. E quem vive delas, sabe que é fácil falar sem sentir. Questão de profissionalismo, questão de sobrevivência!
Quando falta paixão, falta vontade de se mostrar. A gente se esconde por aí. Finge viver. Os dias passam meio que iguais e é como se nos perdessemos nas horas.
É bom se perder, eu gosto! Mas um se perder de si, hum, esse é ruim.
Bom é se perder no outro, por aí, sem medo do ontem, sem amanhã. Bom de se perder é ter onde se perder, é saber que alguém vai te achar.
Enfim, faz tempo, mas aconteceu.
O problema é que o cenário é o mesmo, a vontade não mudou, mas a essência da vilã, ou seria a mocinha, essa está diferente. Está indecifrável.
Por trás do mesmo rosto há algo estranho. Falta eu! Sobra ela... Em mim. Ah!
Visito o paraíso, sem poder tocar em nada. Vejo que o belo continua lá. Que existem belezas novas, mas não ouso. Fico só, ficamos juntas. Eu e ela, e sei não sermos mais nós. Só sei sermos ali. Sei que se foi. Mas o coração continua e pulsa, o amor resiste, e volto a escrever... Não com palavras, mas com o coração sangrado de um sangue que nem sei ainda se meu.
Tenho feito das palavras apenas trabalho. E quem vive delas, sabe que é fácil falar sem sentir. Questão de profissionalismo, questão de sobrevivência!
Quando falta paixão, falta vontade de se mostrar. A gente se esconde por aí. Finge viver. Os dias passam meio que iguais e é como se nos perdessemos nas horas.
É bom se perder, eu gosto! Mas um se perder de si, hum, esse é ruim.
Bom é se perder no outro, por aí, sem medo do ontem, sem amanhã. Bom de se perder é ter onde se perder, é saber que alguém vai te achar.
Enfim, faz tempo, mas aconteceu.
O problema é que o cenário é o mesmo, a vontade não mudou, mas a essência da vilã, ou seria a mocinha, essa está diferente. Está indecifrável.
Por trás do mesmo rosto há algo estranho. Falta eu! Sobra ela... Em mim. Ah!
Visito o paraíso, sem poder tocar em nada. Vejo que o belo continua lá. Que existem belezas novas, mas não ouso. Fico só, ficamos juntas. Eu e ela, e sei não sermos mais nós. Só sei sermos ali. Sei que se foi. Mas o coração continua e pulsa, o amor resiste, e volto a escrever... Não com palavras, mas com o coração sangrado de um sangue que nem sei ainda se meu.
sexta-feira, janeiro 07, 2005
Ano novo...
É passagem imaginária do que somos pra algo queremos ser. É tempo de receber votos de felicidade, de falar com estranhos, de sorrir, de acreditar que é possível.
É a época do ano em que uma espécie de portal se abre em nosso inconsciente...
Mas é preciso ser rápido! Saltar de cabeça pra dentro dele e fazer força todos os outros dias do ano pra se lembrar da razão do salto.
É preciso!
Temos que manter vivo o que pedimos aos céus, a Deus, aos fogos de artifícios e as estrelas.
Conservar impregnado na alma uma certeza, igual a que sentimos ao romper do novo ano. Mergulhar no mar, ir além das sete ondas.
Não se contentar com a esperança do prato de lentilha.
Manter o brilho do olhar de nossa criança interior!
Abraçar com a mesma força quem amamos a meia noite e em todos os outros dias e pisar a estrada de nossa vida com a verdade que pisamos a areia da praia em direção aos nosso sonhos.
Deixar o sol do primeiro dia do ano levar só a noite. Atravessar de fato para o outro lado do portal, transformar a passagem imaginária, em terra do é tudo realmente possível.
É a época do ano em que uma espécie de portal se abre em nosso inconsciente...
Mas é preciso ser rápido! Saltar de cabeça pra dentro dele e fazer força todos os outros dias do ano pra se lembrar da razão do salto.
É preciso!
Temos que manter vivo o que pedimos aos céus, a Deus, aos fogos de artifícios e as estrelas.
Conservar impregnado na alma uma certeza, igual a que sentimos ao romper do novo ano. Mergulhar no mar, ir além das sete ondas.
Não se contentar com a esperança do prato de lentilha.
Manter o brilho do olhar de nossa criança interior!
Abraçar com a mesma força quem amamos a meia noite e em todos os outros dias e pisar a estrada de nossa vida com a verdade que pisamos a areia da praia em direção aos nosso sonhos.
Deixar o sol do primeiro dia do ano levar só a noite. Atravessar de fato para o outro lado do portal, transformar a passagem imaginária, em terra do é tudo realmente possível.
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