domingo, janeiro 29, 2006

Lições do porto

Olhando os barcos que chegam e se perdem na linha, lá longe, a gente vê o quanto somos pequenos e passsageiros. Observar o porto é assim, exercício de auto-conhecimento.
O barco enorme que paira, ainda que carregado sob o guindaste, sobre a água, dá a medida exata da leveza e do peso.
E... quanto a noção dessa medida às vezes faz falta...
Ainda olhando o vai e vem, ganha-se mais: perde-se um medo. O medo da despedida.
Isso porque sempre há algo partindo para que um outro algo qualquer possa atracar, desembarcar, ser carregado e ir para o mar de novo, sumir no horizonte.
Porto é saudade, é desprendimento, tudo junto. Mas mesmo sabendo de tudo isso, é difícil cortar algumas amarras na vida real e deixar certos barcos partirem.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Descobrindo Santos...

Menos de 24h e já descobri coisas importantes sobre essa cidade orgulhosa. Orgulhosa porque o santista antes de tudo é um povo orgulhoso!!!
Ok, não que eu já não soubesse disso, afinal todos os meus amigos daqui - que tem se multiplicado, ultimamente - são extremamente bairristas, mas achei que talvez fosse nostalgia de quem tem saudade da terra natal...
Bobagem.
Quando desci a serra hoje e avistei a cidade, entendi o que o Jóa me disse outro dia com o olho brilhando!

Vim vindo...
Tentando deixar um pouco minha alma paulistana pela estrada.
Aqui tem radar em todo o canto e ciclovia. Daí, a gente desacelera sem perceber e se obriga a andar devagar.
O mar vira bússola... O canais, a praia, tudo referência.
Difícil se perder.
Mas voltando aos bairrismos, vi de cara que santista que mora em Santos é ainda mais apaixonado pela cidade. E é época de aniversário... O amor por Santos está por toda parte.

Vi o sol se pôr, bonito entre nuvens coloridas, como há tempos não via.
Sobre nós, eu e Santos choveu uma garoa fina... Me senti acolhida, profundamente feliz!
Cidade simples, de gente simples, acostumada a ver o horizonte... Tão diferente de mim...
Nesse porto de idas e vindas, me permito sonhar que sou a mais nova a chega e sou muito bem-vinda!

Daqui a pouco começo a falar com milhares de desconhecidos, a quem pretendo emprestar meu olhar de surpresa sobre cada recorte dessa terra, tão deles.

Chego assim, meio que sem querer, querendo... Com a alma aventureira dos desbravadores de 460 anos atrás, mas com as melhores intenções.

A propósito...

Talvez sem propósito... Durante meu lanche de ontem à noite, li duas frases que me fizeram pensar. Sessão cultura de boteco, que inauguro e batismo nesse dia de descobertas...
São elas...
“Nada é mais sincero que o Amor pela comida.”
“Adão e Eva se perderam por uma maçã; imagine o que não fariam por um beirute!”
(Beduíno Beirutes – Praia do Gonzaga – Santos SP)

Nelson Rodrigues, meu pai e eu

No restaurante, entre uma e outra picanha... Meu pai e eu conversávamos sobre relacionamentos...
Fui dura com ele! Cobrei o porquê de todos os pais, ensinarem aos filhos que o amor e a fidelidade existem, se na real não há senão relacionamentos falidos e muita, muita hipocrisia.
Entre uma e outra cerveja, ele tentou explicar. Mais do que isso, tentou me ajudar a não me sentir um fracasso por acreditar em conto de fadas!
Não sei se deu certo...

À tarde fui ao teatro ver A Serpente, de Nelson Rodrigues.
Odeio Nelson Rodrigues!!!
Fui apenas por duas razões: ganhei os ingressos e na frente da FAAP tem uma sorveteria maravilhosa...
Domingo à tarde, e lá estavam eu e o Nelson – o odiado – frente a frente mais uma vez... Ansiosa pelo sorvete que viria depois...
Juro, que tentei não ser resistente e assistir à peça sem preconceito.
Cinco minutos depois, nem a Débora Falabella foi capaz de impedir que eu odiasse tudo!
Uma hora e meia de sexo da pior qualidade, personagens que mais parecem animais no cio e conseqüências absurdas para esse comportamento absurdo dessa gente absurda... Resumo de mais uma obra, igual a tantas outras do sempre ninfomaníaco e frustrado Nelson...

Lembrei da conversa com meu pai...
E em transe com tanto desgosto, cheguei a pensar que talvez o mundo seja mesmo grotesco como nas peças de Nelson Rodrigues.
Se meu teclado tivesse ponto de interrogação, perguntaria a mim mesma mil vezes se nós pessoas não somos tão animais quanto a ficção.
Ainda bem que não há interrogação e isso me faz desistir de seguir questionando.

O mundo, hipócrita, que não acredita em amor, respeito e fidelidade que me perdoe, mas eu continuo vivendo longe do palco de Nelson. E apesar de não me convencer com os argumentos desprevenidos de papai, continuo acreditando que o amor é possível.

Se é pra vida imitar a ficção, não abro mão de escrever minha própria história e há de haver alguém que sonhe parecido pra me ajudar...
Sem medo de parecer infantil, deixo meus próximos ingressos pra Nelson Rodrigues a quem tiver medo de viver comigo esse conto-de-fadas e vou acompanhada - ainda que apenas de minha ingenuidade tomar sorvete, desta vez sem ter que entrar no teatro.

domingo, janeiro 22, 2006

Amor de mãe

Hoje sofri de uma aflição impossível de explicar.
Mamãe acordou assustada...
Difícil saber o que fazer com susto de mãe. Mãe sempre cuida da gente... E quando os papéis se invertem dá um baque no coração.
Fingi de forte.
Enganei direitinho...
Enganei tanto que acreditei eu mesma que tinha coragem.
Coragem que nada!
Por dentro eu tremia, rezava e doía.
Vontade de tomar a aflição dela nos braços e me fazer ela pra fazer parar de sofrer.
Papai do céu ajudou. Deu tudo certo e voltamos juntas pra casa e pra vida normal. Eu filha, mamãe mamãe... Pronta pra cuidar de mim outra vez!
Alívio pra um coração apertado que por mais que ame infinitamente, descobriu que é capaz de amar ainda mais forte!
Não quero mais susto, mamãe! Nunca mais!!!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Lá vou eu...

São muitas as novidades e sinto que minha vida vai mudar bruscamente... Ando repensando muita coisa... Ao mesmo tempo tentando nem pensar.
Sempre foi assim... Quando fico meio perdida, alguma coisa acontece e me mostra um novo caminho e aconteceu de novo.
Essa entidade que aparece sempre nas horas mais inesperadas (e certas) me sacudiu e não tenho dúvidas de que a mudança é grande e pra logo.

Ah essa coisa nômade que virei nos últimos tempos!
Difícil lutar contra maremotos que mudam o rumo do barco e me levam sempre pra um lugar diferente? (Deliciosamente diferente!)
Quem achava que eu ia sossegar, se enganou! Nunca sossego!
Outra chance, outra cidade... Eu na estrada outra vez!
Não há mesmo como duvidar desse negócio chamado destino, nem como ancorar por aí. Meu barco é a vela, não pára e só obedece o vento.

Mas há medo também!
Medo medroso de tanta coragem...

domingo, janeiro 08, 2006

Domingo...

de sol
de novo
de plantão...
Mas feliz!!!
Viva o futebol!
Viva a endorfina!
Viva a poesia mal construída!