segunda-feira, março 20, 2006

Pontos, vírgulas e reticêcias

Um encontro sem busca é quase tão inútil quanto uma busca sem encontro.

Foram dias de quase presença, dentro de semanas de ausência e hoje, só hoje descobri o que já sabia... Ao ouvir o que sempre quis de quem eu definitivamente não quero... (E as consequências assustadoras do ciúme de quem nem imagina o quanto nunca quis o que acham que quero.)

Pontuar é um recurso fundamental não só na escrita, mas na vida. Saber colocar as vírgulas e os pontos nos locais certos deixam o enredo seguir com mais sentido. Isso faz muito bem aos personagens da trama e a quem a escreve também!
Uma outra conversa - de um outro encontro, esse sim! - ajudou. Foi grande o exercício de pontuação... E quando a gente aprende a escrever capítulos importantes, fica infinitamente mais fácil resolver os pequenos adendos - por mais assustadores que eles pareçam...

Discussões sinceras confirmam figuras como essenciais na novela da gente... Também espantam outras pra bem longe! A vida é assim, que nem ficção... Certos personagens se perdem pelo caminho, alguns surgem só de passagem, outros ficam... Mesmo que mudem de papel e sigam se transformando...
Eu? Escritora e protagonista... Às vezes me perco no meio deles...
Passei susto nas últimas linhas... Tive que pontuar de novo!
Pontuei... (Isso dá um trabalho!)

Descobri neste fim de quase capítulo, novos inícios... Reinvenções que são a única possibilidade do eterno - que apesar de não existir, tanto me fascina.
Sigo na busca... Ainda que por vezes inútil!
Monto meu forte e afasto a pontapés os inimigo que tentam me invadir!
(Invasão boa é invasão consentida! E é só dessa que gosto!)
Com pontos, vírgulas, palavras e silêncio enfrento as ameaças... Venham elas de dentro ou de fora de mim!

quinta-feira, março 09, 2006

A não-poesia das Letras

Acordei e não fui trabalhar. Fui à escola!
Voltar a faculdade depois de tanto tempo é estranho. Como mergulhar num universo tão meu, tão alheio a mim. Vaguei pelos corredores, sem sentido. Precisava achar um professor do qual só me lembrava da voz. Percorri todas as salas, na porta de uma parei. O timbre era conhecido. Não havia ninguém pra confirmar se era ele quem eu procurava. Mas era. Não se lembrava de mim. Deveria? Aquele homem era a minha esperança de voltar logo pra lá... Me ouviu, mas nada resolveu. Continuo no limbo dos jubilados! Sim, fui jubilada e descobri essa semana. É reversível, mas está dando um trabalho!
Enfim, a missão fracassou, mas a sensação de estar ali reverberou na minha cabeça o dia todo.
Aquele sentimento indigestível de não se encaixar onde vc deveria!
Pode ser preconceito, mas quem estuda as letras, as ilusões e as palavras deveria ser no mínimo bastante humano. Mas meus colegas, que nem me conhecem são tão... tão... apáticos. Centenas de solitários, como eu, é verdade... No entanto sem brilho, pouco sorriso, pouco papo.
Na hora de ir embora ouvi alguém me chamar, depois de horas de quase silêncio. Era a vendedora de trufas. Não resisti, conversamos longos segundos e saí de lá feliz com o chocolate nas mãos.

quarta-feira, março 08, 2006

8 de março

Amigo,

Sabes infinitamente melhor do que eu do valor feminino.
Andastes meio distraído, é verdade! Talvez dando tempo pra que os homens tentassem alcançar as nossas virtudes... Mas já estamos longe do trono do mundo há tantos séculos e as mudanças são tão lentas, que chego a duvidar da eficiência dessa estratégia!
De qualquer forma, hoje não quero questionar, nem pedir que equilibre o mundo de uma vez por todas... Isso eu estou ajudando a fazer todo dia e sei que demora... Peço apenas que lance seu olhar atento a todas nós, enquanto a balança dos gêneros continua desregulada...

Sobre as donas-marias em sua guerra diária contra o tanque, a greve de ônibus e a violência lança, além do olhar, a dúvida... a descoberta do questionamento.

Sobre as cortadoras de cana, derrama doçura. Assim como sobre as moças do engenho, da mata, da roça, das ruas...

As mulheres que lutam ou calam, força! E conquistas diárias:

Para as mães, que não faltem os filhos!
As trabalhadoras: oportunidades, salário justo, reconhecimento.
Para quem quer ser profissional só do lar: o respeito.

A quem não quer, oferece a possibilidade do não!
A quem sonha, a certeza de que é possível.

Para as putas, tristes ou não, reserva a pureza da alma. Que não lhes faltem ilusões, para aquecer as noites e as camas e... um abraço compreensivo no fim da noite, mesmo que já seja de dia.

Abraço também às solitárias, mesmo acompanhadas...

Não se esqueça das intelectuais!
Olha pra elas com carinho, porque é a vontade de não se conformar que as motiva na busca.
Ah! E Antes que desistam de perguntar, daí a elas algumas respostas.

Às poposudas, silicone.
Às feias, encanto.
Elogios? À todas!

Às apaixonadas, o amor...
Às apaixonantes, aventuras...
Ao encontro, consenso.

Às loiras respeito. Às morenas, às ruivas e às negras também...
As sapas, sejam elas de que cor forem: o arco-íris.

As velhas, ouvintes... E muitas histórias pra contar.
Que elas ninem o sono e embalem as conquistas das que acabam de chegar... Possam admirar orgulhosas a marcha das novas gerações, que também é delas...
E que, logo ela - a marcha - nos leve para a um lugar enfim comum, onde o sexismo não exista e haja espaço apenas pras nossas adoráveis diferenças.

segunda-feira, março 06, 2006

100 palavras

Crise!
Há horas, ou dias, semanas?... nada que escrevo me agrada.
As palavras andam traidoras e me roubam de mim.
Quero gritar pro mundo, mas não consigo falar nem comigo!
Merda! Está acontecendo de novo.
Um monte de letras e eu perdida!
Queria uma frase que fosse. Qualquer coisa sincera o suficiente pra me traduzir neste momento.
Ansiedade.
Angústia.
Ciúme?
Saudade...
Peças... soltas que não consigo juntar.
A multidão me deixa ainda mais só, confusa. Com ela... (sem ela) sou tantas e, pra ninguém.
Desordem... de novo!
É estranho.
Estar perto, mas tão distante de onde deveria estar...

sexta-feira, março 03, 2006

Dia de vomitar o mundo...

Há dias em que uma dor de estômago obriga a gente a colocar algo pra fora!
Minha insensibilidade me assusta e hoje é o dia dela!

Odeio quando passo pelas ruas e vejo gente morrendo e não faço nada!
Quando uma mão pequena me pede moeda e eu fecho o vidro com medo de assalto!
Quando não sei o que dizer pra quem diz que tem fome!
Lembro daquela mulher me pedindo dinheiro pra comprar uma galinha...
Fantasmas da vida real, do lado de fora do meu carro e dessa bolha de fantasia...
Quando fico triste, olho no espelho e me cobro!
Como sofrer com uma angústia tão egoísta, quando tantos precisam de mim? E na verdade nem precisam...
Talvez eu é precise deles e neles esteja a resposta pra essa falta inesplicavel que eu sinto...
Confesso!
Confesso que tenho inveja da risada escandalosa de quem não tem quase nada! Do amor de beijo na boca desdentado, sujo, debochado...
Quando visito gente simples, pra cantar suas desgraças me derreto com a capacidade dessa gente de sorrir! Eles varrem a lama pra fora do barraco fazendo piada da vida. Sambam sobre as tristezas, eles os fodidos... Enquanto eu, com tanto, me desespero por quase nada.
Quero vomitar tudo isso! Essa insatisfação de nunca estar satisfeita!

Sem remédio

Preciso marcar uma consulta, mas não com um médico qualquer. Alguém que entenda como eu funciono e quero respostas!!!
Ando que é só perguntas e tenho andado muito. Falo alto, baixo, grito muitas delas por aí, até em silêncio. As respostas não me ouvem.
Ouço seus ecos, vazios.
Quero que o mundo me diga o que eu mesma não tenho coragem. Eu tão corajosa!
Me perco.
Engraçado, de tão livre, me perdi... E bom de se perder é ter quem te achar... E quem euu tenho, no momento, não quero que me ache!

Menti que tudo é possível.
Crente, me enganei.
Tem um quase antes de tudo e odeio essa palavra!
...
Fui ao médico...
Na falta de especialidade - escolhi um clínico geral.
Errei de novo... Nem de gripe ele entende direito...