Hoje caminhei pela cidade à tarde e centro de cidade pequena tem sempre magia...
Por causa da semana das crianças, muitas mães eram arrastadas pelos filhos nas ruas. Havia uma fila enorme pra raspadinha, outra ainda maior para o algodão-doce. Uma campanha promovia brincadeiras e distribuia doces para os donos da festa. Uma senhora me sorriu orgulhosa com a nuvem branca nas mãos. Vi, nos olhos dela, um brilho quase infantil, mas logo ela recobrou a seriedade e foi embora levando os netos pelas mãos. Continuei caminhando...
Às vezes tinha uma sensação de que algumas pessoas me reconheciam. Algo diferente de quando estou trabalhando, algo como um ar interiorano que desconfia de forsateiro. Comi um pão de queijo quentinho. Fiquei horas prestando atenção nos detalhes...
Em frente a um carrinho de cachorro-quente, famílias inteiras devoravam o lanche. Alguns carros parados carregavam bocas e dedos cheios de mostarda e ketchup, uma espécie de dog-thru. A ruela tranquila terminava em uma pracinha. Assisti a tudo e, por um momento, senti inveja daquela alegria simples.
Queria sentar com eles, fazer parte da brincadeira... Contar como havia sido o meu dia, confessar que naquele momento eu me sentia quase só.
Não que eu estivesse triste, muito pelo contrário, de fato eu estava caminhando porque estava feliz.
Queria ver mais, dividir tudo aquilo que pulsava comigo... Mas por um instante, por um pequeno instante, eu quase me perdi. Por pouco, bem pouco, não esqueci de ser eu, pra me desmanchar como algodão doce, na boca pura de uma criança feliz.
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