quero a sensação de ter tudo a dizer, mas não dizer nada! Quero os suspiros contidos em pensamentos distantes; o gosto da novidade; o andar distraído...
Quero a ausência das pretensões, torpor de calor e as rimas fáceis da vida versada sem versos... Versada aos parágrafos, aos aglomerados de palavras, aos impulsos, e às enumerações sem fim - que espero não cansem o leitor.
A semana explodiu em novidades! Quando o sonho vira real fica estranho acordar sonhando... Deliciosamente estranho! Caminho meio que sem freios por aí, como se finalmente soubesse pra onde estou indo. Mesmo que não tenha a menor idéia do que vou encontrar na esquina.
Estou em extase pelos elogios fáceis e pelas rejeições incompreesíveis! Minha alma mudou e o corpo acompanha, sou eu e sou outra; a mesma, mesmo que nem sempre me reconheça. Sinto a menina crescendo. Algo como uma invasão mulher que toma conta sem aviso mas continua moleca, sem muito medo da vida e tentando perder cada vez melhor o juízo.
sábado, outubro 30, 2004
segunda-feira, outubro 25, 2004
SEMtimento de mundo
Estou cansada dos afetos comedidos, da falta de coragem.
Farta do amor fingido dos casais - sem paixão - que almoçam, jantam e dormem sem assunto. Farta de quem tem medo, e triste pelos amores que se perdem sem ter chance de começar.
Sinto que tem verdade demais aqui dentro, pra um mundo que anda tão de mentira!
Tento todo dia acordar com a magia dos sonhos que tenho, mas falta fantasia cotidiana pra absorver tanta realidade. Me confundo. Me perco em beijos que já dei, em lembranças, em tremores. Me perco e não me acho por que a falta de coragem continua. Estão todos covardes... Ou eu corajosa demais.
Farta do amor fingido dos casais - sem paixão - que almoçam, jantam e dormem sem assunto. Farta de quem tem medo, e triste pelos amores que se perdem sem ter chance de começar.
Sinto que tem verdade demais aqui dentro, pra um mundo que anda tão de mentira!
Tento todo dia acordar com a magia dos sonhos que tenho, mas falta fantasia cotidiana pra absorver tanta realidade. Me confundo. Me perco em beijos que já dei, em lembranças, em tremores. Me perco e não me acho por que a falta de coragem continua. Estão todos covardes... Ou eu corajosa demais.
segunda-feira, outubro 18, 2004
GRAÇA da vida...
É incrível a capacidade que a vida tem de nos surpreender...
A gente nasce, demora vivendo e logo descobre que este milagre acontece não uma, mas infinitas vezes. Meio desavisados, vagamos por aí com nossos sonhos e medos na bagagem. Viajamos com eles por mil lugares, transformamos cidades em cenários e invadimos almas.
Ficamos um pouco por cada caminho, seguimos meio inteiros, meio faltantes nessa busca por alguma parte que nunca termina.
Quando por vezes duvidamos da razão de tanta caminhada, algo acontece. Algo como uma brisa que revigora a energia numa manhã bem quente; um sinal de estrada que indica a direção, que aparece quando já estamos bastante perdidos; ou ainda uma noite sabor morango, que faz o coração ameaçar bater de novo.
Simplicidades e surpresas que confirmam nossa capacidade de nascer e renascer, por vezes sem fim.
A gente nasce, demora vivendo e logo descobre que este milagre acontece não uma, mas infinitas vezes. Meio desavisados, vagamos por aí com nossos sonhos e medos na bagagem. Viajamos com eles por mil lugares, transformamos cidades em cenários e invadimos almas.
Ficamos um pouco por cada caminho, seguimos meio inteiros, meio faltantes nessa busca por alguma parte que nunca termina.
Quando por vezes duvidamos da razão de tanta caminhada, algo acontece. Algo como uma brisa que revigora a energia numa manhã bem quente; um sinal de estrada que indica a direção, que aparece quando já estamos bastante perdidos; ou ainda uma noite sabor morango, que faz o coração ameaçar bater de novo.
Simplicidades e surpresas que confirmam nossa capacidade de nascer e renascer, por vezes sem fim.
sexta-feira, outubro 08, 2004
Algodão doce
Hoje caminhei pela cidade à tarde e centro de cidade pequena tem sempre magia...
Por causa da semana das crianças, muitas mães eram arrastadas pelos filhos nas ruas. Havia uma fila enorme pra raspadinha, outra ainda maior para o algodão-doce. Uma campanha promovia brincadeiras e distribuia doces para os donos da festa. Uma senhora me sorriu orgulhosa com a nuvem branca nas mãos. Vi, nos olhos dela, um brilho quase infantil, mas logo ela recobrou a seriedade e foi embora levando os netos pelas mãos. Continuei caminhando...
Às vezes tinha uma sensação de que algumas pessoas me reconheciam. Algo diferente de quando estou trabalhando, algo como um ar interiorano que desconfia de forsateiro. Comi um pão de queijo quentinho. Fiquei horas prestando atenção nos detalhes...
Em frente a um carrinho de cachorro-quente, famílias inteiras devoravam o lanche. Alguns carros parados carregavam bocas e dedos cheios de mostarda e ketchup, uma espécie de dog-thru. A ruela tranquila terminava em uma pracinha. Assisti a tudo e, por um momento, senti inveja daquela alegria simples.
Queria sentar com eles, fazer parte da brincadeira... Contar como havia sido o meu dia, confessar que naquele momento eu me sentia quase só.
Não que eu estivesse triste, muito pelo contrário, de fato eu estava caminhando porque estava feliz.
Queria ver mais, dividir tudo aquilo que pulsava comigo... Mas por um instante, por um pequeno instante, eu quase me perdi. Por pouco, bem pouco, não esqueci de ser eu, pra me desmanchar como algodão doce, na boca pura de uma criança feliz.
Por causa da semana das crianças, muitas mães eram arrastadas pelos filhos nas ruas. Havia uma fila enorme pra raspadinha, outra ainda maior para o algodão-doce. Uma campanha promovia brincadeiras e distribuia doces para os donos da festa. Uma senhora me sorriu orgulhosa com a nuvem branca nas mãos. Vi, nos olhos dela, um brilho quase infantil, mas logo ela recobrou a seriedade e foi embora levando os netos pelas mãos. Continuei caminhando...
Às vezes tinha uma sensação de que algumas pessoas me reconheciam. Algo diferente de quando estou trabalhando, algo como um ar interiorano que desconfia de forsateiro. Comi um pão de queijo quentinho. Fiquei horas prestando atenção nos detalhes...
Em frente a um carrinho de cachorro-quente, famílias inteiras devoravam o lanche. Alguns carros parados carregavam bocas e dedos cheios de mostarda e ketchup, uma espécie de dog-thru. A ruela tranquila terminava em uma pracinha. Assisti a tudo e, por um momento, senti inveja daquela alegria simples.
Queria sentar com eles, fazer parte da brincadeira... Contar como havia sido o meu dia, confessar que naquele momento eu me sentia quase só.
Não que eu estivesse triste, muito pelo contrário, de fato eu estava caminhando porque estava feliz.
Queria ver mais, dividir tudo aquilo que pulsava comigo... Mas por um instante, por um pequeno instante, eu quase me perdi. Por pouco, bem pouco, não esqueci de ser eu, pra me desmanchar como algodão doce, na boca pura de uma criança feliz.
quarta-feira, outubro 06, 2004
Curimbas, lambaris e outras coisas...
O calor arde. O sol sabe como chamar a atenção, e não há como não notá-lo por aqui... Na pequena Jaci ele brilhava especial, ontem, pra mim.
Assalto a banco, cidade assustada, os ladrões - pobres - fugiram a pé. Perseguição na estrada, poeira, poeira, poeira, tiros... Um dos homens partiu, os outros dois acabaram presos. Já cheguei no meio do tiroteio e agitei o interior do interior!
Pouco tempo, muito cansaço... Mudança!
Consegui um apartamento lindinho - com uma grande janela - e precisamente vazio para caber essa imensa ansiedade! Pelos cantos sem móveis espalhei meus sonhos, no armário as roupas já abarrotadas há dias na mala, e na cama joguei o que sobrou do corpo cansado...
Pela manhã de uma noite que praticamente não existiu, fui ao rio Turvo. Fiz minha primeira poesia concreta (em forma de reportagem)... Sem medo, e sem tempo escrevi com a alma... Começava assim: "O rio turvo amanheceu triste..."
Nas margens dos rios os curimbas, os lambaris e outros tantos peixes agonizavam. Conversei com muita gente, choramos em silêncio os pequeninos, que brigavam pra respirar no rio que acordou sem oxigênio. Mataram o pulmão do rio! Provavelmente o veneno de usina de cana que foi levado pela chuva... Só vi no ar depois! Muita gente se emocionou, tentei passar a emoção que senti na beira do Turvo, fiz poesia e talvez tenha conseguido levar algumas pessoas pra perto dele. Sei que não pude e não posso fazê-los viver, mas gosto de pensar que por causa do carinho, talvez o rio durma um pouco menos triste...
Assalto a banco, cidade assustada, os ladrões - pobres - fugiram a pé. Perseguição na estrada, poeira, poeira, poeira, tiros... Um dos homens partiu, os outros dois acabaram presos. Já cheguei no meio do tiroteio e agitei o interior do interior!
Pouco tempo, muito cansaço... Mudança!
Consegui um apartamento lindinho - com uma grande janela - e precisamente vazio para caber essa imensa ansiedade! Pelos cantos sem móveis espalhei meus sonhos, no armário as roupas já abarrotadas há dias na mala, e na cama joguei o que sobrou do corpo cansado...
Pela manhã de uma noite que praticamente não existiu, fui ao rio Turvo. Fiz minha primeira poesia concreta (em forma de reportagem)... Sem medo, e sem tempo escrevi com a alma... Começava assim: "O rio turvo amanheceu triste..."
Nas margens dos rios os curimbas, os lambaris e outros tantos peixes agonizavam. Conversei com muita gente, choramos em silêncio os pequeninos, que brigavam pra respirar no rio que acordou sem oxigênio. Mataram o pulmão do rio! Provavelmente o veneno de usina de cana que foi levado pela chuva... Só vi no ar depois! Muita gente se emocionou, tentei passar a emoção que senti na beira do Turvo, fiz poesia e talvez tenha conseguido levar algumas pessoas pra perto dele. Sei que não pude e não posso fazê-los viver, mas gosto de pensar que por causa do carinho, talvez o rio durma um pouco menos triste...
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