domingo, outubro 22, 2006

Respeitável circo



A missão não era das mais fáceis: encontrar um circo baiano que representasse o melhor da tradição circense nordestina. Como os circos têm que notificar as autoridades para se instalar, comecei fazendo contato com as prefeituras e delegacias de dezenas de cidades no interior da Bahia. Consegui conversar apenas com representantes de circos de médio e de grande porte. Percebi que não era por telefone que conseguiria essa história. A solução foi viajar e produzir a reportagem pessoalmente.

Do avião, eu comecei minha busca: vi um circo lá de cima! Em terra, o encontrei, mas o circo não servia, era grande, muito comercial. Eu queria a rusticidade, a arte pela arte e pela sobrevivência. Viajei para o interior do estado, encontrei circos picaretas, circos que ainda mantêm animais enjaulados em péssimas condições. Num fim de tarde, na periferia da cidade de Eunápolis, no sul da Bahia avistei um palhaço. Ele caminhava sobre pernas de pau e, cercado por crianças, anunciava um espetáculo. Acompanhei o grupo. Instantes depois vi um circo pequeno, armado num campinho de areia, a lona remendada e um tapume como bilheteria.

Fui recebida com hospitalidade. Os artistas que viviam ali eram ainda mais simples que o lugar. Em poucos minutos acabei encantada com as histórias da trupe. Seduzida pela humildade daquela vida que eu só conhecia dos livros e da imaginação: amores, sonhos, precariedade, dor, alegria. Não tive dúvidas, minha busca havia terminado.

No dia seguinte, gravamos.

(Veja a matéria clicando aqui: http://gmc.globo.com/GMC/1,,2465-p-M558788,00.html

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