sexta-feira, junho 18, 2010

A VIAGEM DE SARAMAGO

Assim que soube da partida de Saramago, procurei por ele.
Saramago não estava. Nem nos sites, nem nas notícias.
As manchetes que li e foram muitas falavam de um escritor, de um homem premiado, um Nobel de literatura.
Páginas e páginas vazias de qualquer ensaio sobre o que esse homem realmente é.

Queria encontrar o José Saramago que antes de morrer, viveu.
Fez isso em muitos lugares, especialmente numa ilha. E Canárias, mais que um endereço foi ninho.
Isso não está nas manchetes fúnebres, desinteressantes. Assim como José não está nelas e por isso escrevo.
Não pra me despedir, porque não nos depedimos de quem não morre.
Escrevo pra encontrar um amigo. Alguém que nunca me viu e que tanto me conhece.

Falo do José de Pillar que descobriu o amor depois dos 60 e viveu quase 27 anos enamorado.
Do rapaz português que nasceu numa vila e aprendeu a ler sozinho pra provocar o mundo. Me provocar.
Busquei e busquei palavras a altura de quem tanto me abriu os olhos, me desenvagelizou.
Aqui estão elas, poucas, orgulhosas e agradecidas.
Simples como o jeito que ele me conquistou.
Eternas porque quem escreve não morre.

Como ousadia, peço a ele emprestadas suas palavras escritas ainda hoje, pouco antes da partida.
Não são as últimas, porque pra quem lê, tem sempre o poder de serem as primeiras.

"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma".

Um comentário:

Anônimo disse...

Saudades de você e como sempre com ótimas palavras!