quarta-feira, junho 30, 2010

OS FILHOS QUE NÃO SÃO NOSSOS

  
Sabe quando um filho fica doente, ou mesmo passa por alguma tristeza? Quando a dor dói tanto no outro que você pensa num jeito de evitar que machuque de todo jeito?
Pois é, ainda não tenho filhos, mas acho que conheci esse sentimento.

Quando precisei visitar, testemunhar e traduzir o sofrimento de Alagoas depois da cheia, meu coração teve dois impulsos. O primeiro foi o de doer muito, a dor que doía neles.
Depois, quase que imediatamente veio a resignação - a mesma de um pai que sabe que não pode tomar a dor de um filho. Seria a dor roubada uma dor inútil e o peso do roubo insuportável.

Entre os flagelados da cheia do sertão havia desespero sim, mas também muita força.
Tanta que na viagem de volta, as ruínas não me assombram. Nem o choro, nem a chuva, nem a miséria.
Os sorrisos, a alegria pura que só é possível quando nada se tem, mesmo que tudo se perca - essa sim viaja comigo.

Impotente como quem cresce, volto pra casa orgulhosa dos filhos que não são meus.


Um comentário:

Wall Rodriguess disse...

Eu, como muitas outras pessoas, também sinto essa sensação de impotência a respeito dessa situação. É a dor de se sentir responsável pelo outro ser humano e não poder concertar tudo e acabar com a dificuldade e a dor de uma vez por todas.
Nadia meus parabéns por conseguir passar em suas reportagens e textos não só sua competência, mas também seu lado humano.
Abraço
Wallzinha