Sabe quando um filho fica doente, ou mesmo passa por alguma tristeza? Quando a dor dói tanto no outro que você pensa num jeito de evitar que machuque de todo jeito?
Pois é, ainda não tenho filhos, mas acho que conheci esse sentimento.
Quando precisei visitar, testemunhar e traduzir o sofrimento de Alagoas depois da cheia, meu coração teve dois impulsos. O primeiro foi o de doer muito, a dor que doía neles.
Depois, quase que imediatamente veio a resignação - a mesma de um pai que sabe que não pode tomar a dor de um filho. Seria a dor roubada uma dor inútil e o peso do roubo insuportável.
Depois, quase que imediatamente veio a resignação - a mesma de um pai que sabe que não pode tomar a dor de um filho. Seria a dor roubada uma dor inútil e o peso do roubo insuportável.
Entre os flagelados da cheia do sertão havia desespero sim, mas também muita força.
Tanta que na viagem de volta, as ruínas não me assombram. Nem o choro, nem a chuva, nem a miséria.
Os sorrisos, a alegria pura que só é possível quando nada se tem, mesmo que tudo se perca - essa sim viaja comigo.
Impotente como quem cresce, volto pra casa orgulhosa dos filhos que não são meus.