sábado, dezembro 20, 2008

Reforma

Os calos incomodam e não cabem mais dentro da sapatilha.

Mesmo! O espetáculo segue, cada dia mais sério, o público cresce e é sempre mais exigente. Durante o corre corre das luzes acessas é fácil dançar, e brilhar, e sorrir. Ainda que os calos estejam lá. Quando as luzes se apagam, aí vem o escuro - que fere. Não gosto do escuro. Nem total, nem parcial. Nunca gostei. Me acostumei a dormir em silêncio e com a luz apagada por mero cansaço - quando se está exausto, pouco importa se está claro ou escuro. A escuridão me incomoda. Não é medo, é ausência de algo essencial: luz.

domingo, julho 27, 2008

Sem medo do escuro

Sim, os cegos enxergam e muitas vezes mais colorido que nós - que achamos que pra ver basta que a luz entre pelos nossos olhos.
Sim, palavras se propagam no vácuo, mesmo que silêncio.

Meus silêncios de fato andam mais longos. Palavras rarefeitas, tateando entre a luz que cega e a imaginação de olhos assustados. Semi-abertos. Empedrados talvez. De tanto, ou tão pouco ver.

Faz dia bonito! Meus sentidos todos me gritam.
Te ouço e sei que pode me ver. Sou palavras novamente. Mais que qualquer outra coisa enquanto me escrevo.

Os livros realmente nos escolhem. Nós somos atraídos por eles.
Faltam poucas páginas pra terminar meu Saramago e eu sigo lendo devagar. Quase com medo de terminar.
Preciso entender minha cegueira antes da última página.
Todos precisamos.
O livro acaba. Eu ficarei.
O livro também, provocando outros cegos e eu preciso enxergar.

Quero mto ver melhor! Às vezes enxergo tão nítido. Mas ver exige cegueira, senão cegamos totalmente.
É como as palavras, pra que se formem escolhemos umas letras, outras não.
Frases são sons e silêncio. Visão, como luz e escuridão.

Fui a um jantar no museu "diálogos no escuro". Foi semana passada.
Na entrada ganhaei uma bengala, meu guia era um cego.
Por uma hora a cegueira dele me conduziu.
Imaginei um mundo no escuro. Senti como o som se propaga no ar. Toquei lugares. Conheci vozes. Fui palavras, sentidos e silêncio.

Depois jantei sem olhos também.
Descobri que tenho pouco paladar e um olfato ruim.
O garçom, também cego me serviu.
Na escuridão, ele enxergava muito mais que eu.
No claro, talvez enxergue também.

Foi inesquecível. Tenho memórias sensoriais agora, elas são claras e espaçosas. Como se ocupassem parte pouco conhecida do cérebro.

"No escuro, quem não fala, não existe" - diziam os cegos.
Com eles aprendi que, no escuro só há sentido quando se fica parado, se não houver o silêncio.

A semana começa,
Que ela venha cheia de boas imagens pra acompanhar os ruídos incessantes da vida que pulsa nas veias fazendo barulho.

domingo, janeiro 20, 2008

FELIZ ANO NOVO!

Há exatos 7 meses e 18 dias não escrevo.
Foi um silêncio intenso de quem cresce, se apaixona, de quem sofre, de quem goza, de quem vive.
Senti saudade.
Antes que alguém me pergunte o porquê da ausência, pergunto-me eu, assim fico mais a vontade ao ME deixar sem resposta.

Penso que talvez assim, de volta eu consiga uma revelação.
As palavras sempre me ajudaram nisso, sei que desta vez não será diferente.

EM BUSCA DA TRILHA eu encontrei muita gente...
Conheci um pouco do outro lado do mundo,
Fiz coisas de que me orgulho,
mas senti medo também.
Descobri alegria em coisas grandiosas.
Não esqueci das pequenas.
Dormi demais, mesmo dormindo de menos.
Li pouco, mas ouvi muito.
Me encantei. Aliás, continuo encantada!

Foram meses simples, longe de muita gente, às vezes até mesmo de mim.
Andei por aí sem pensar e pensando tanto que quando penso nisso acabo confusa. Deixo pra lá.

Teclar estas palavras - sete meses caladas é quase como tirar a roupa.
Me sinto nua de mim.
Sorte ainda haver tanto por revelar.

Me dou as boas vindas!