quinta-feira, abril 26, 2007

Sobre calos e escuro

Mta gente teme o escuro. Talvez porque seja uma das possibilidades de se ficar só, completamente sozinho consigo mesmo.
Eu não.
Tenho outros meios de me buscar, gosto de me encontrar em dias de sol.

Fico imaginando como seria a paisagem de uma perda.
Olhar que escapa.
Imagem que não revela.
Penso numa teoria da arte que seja a materialização da entrelinha.
Entrelinha pura, real: que revela sim, enquanto se perde.

Não me sinto a vontade com as perdas, elas levam pedaços da gente.
Prefiro os encontros, que nos unem ao que sempre esteve perdido, inacessível.
Mas há beleza no que se escapa. E há revelação no que não se diz.

Acho a revelação natural.
Tenho poucos segredos silenciosos de verdade. Mas sei que eles são sempre partes importantes de mim.
Ignoramos o que não entendemos.

Segredos, em suma, são faces da nossa personalidade que nos recusamos em determinados momentos a reconhecer.
Algumas revelações são realmente necessárias.

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