
O desafio da equipe era grande: fazer uma reportagem que reconstituísse o acidente na lagoa Rodrigo de Freitas, mostrasse os perigos da mistura álcool e direção e contasse a história de outras vítimas para reforçar o alerta. Tínhamos um mesmo dia pra gravar em três cidades, um mutirão de edição pela frente. E eu tinha um fantasma pra enfrentar.
Começo de madrugada.
Há exatamente um mês, eu tentava me distrair do sono, enquanto meu carro me levava quase sozinho pra casa. Num cruzamento, o cansaço me venceu. O sinal estava fechado e eu só não avancei cegamente contra dezenas de outros automóveis, porque praticamente destruí o meu carro num veículo que havia respeitado o sinal. Foi essa a lembrança que me acompanhou durante toda a semana.
A cada desabafo dos pais das vítimas em Porto Alegre, eu ouvia os meus próprios pais. A cada história interrompida de gente jovem como eu, era inevitável repensar minha própria história: momentos como os do acidente e tantos outros em que dirigi ou andei com amigos sem condições pra levar o carro com segurança. Há reportagens que mudam o mundo. Há também aquelas que, antes disso, mudam quem as faz. Desta vez foi assim.
* O projeto VIDA URGENTE funciona em Porto Alegre, mas mantêm grupos em várias partes do país. Para saber mais acesse: www.vidaurgente.com.br
** Assista a matéria: http://gmc.globo.com/GMC/1,,2465-p-M537413,00.html