Contar histórias é antes de tudo um exercício de olhar. E quanto mais seu e mais parcial ele for, mais honesta será a reportagem.
A maioria dos teóricos defende o contrário. Eles que me perdoem, mas já há analistas demais no mundo! Gente que vive de cruzar dados, equilibrar pontos de vista, criar verdades genéricas de dentro de um escritório... Meu jeito de reportar consiste em olhar, ir até onde nasce a notícia e sentir onde aquilo me dói... Depois contar tudo do jeitinho que aconteceu, pra mim. Quase um ato antropofágico! Engolir e traduzir o fato com cada nuance e cada interpretação que só eu e minha experiência de mundo é capaz.
É como emprestar um instrumento óptico pra alguém enxergar o que está bem longe, ou bem perto... Permitir se conhecer pelo seu modo de ver e dar o testemunho que apenas você pode dar. Junto com ele vão seus medos, sua vivência, sua infância, seu caráter ou sua falta de caráter... É disso que o público gosta! O encantamento do jornalismo está nesse jeito único do repórter contar uma história. Nada tem a ver com a frieza hipocritamente imparcial que recheia a maioria das páginas de jornal, ondas do rádio e de televisão.
Começamos essa semana as gravações do programa... E o que mais me fascina é a possibilidade que ele oferece aos repórteres de exercitar seu olhar. Os temas serão explorados sob diversos pontos de vista. Cada um de nós dará voz a um deles.
Da soma das parcialidades, o telespectador poderá tirar suas próprias conclusões – e enquanto isso, eu devo me divertir bastante defendendo ou atacando, sem medo de ser parcial, cada um de meus personagens.
Que venham as grandes histórias!
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5 comentários:
ai ai.. estou super "anciosa" aguardando essas histórias!!
Nadia... eu que fiquei muito feliz com seu recado para mim...
Acabei de ler os dois últimos textos que eu ainda não tinha lido... sempre muito inspirada e poética! Lindos!
Boa sorte no novo programa ;o)
Beijos,
Luciana
Voce consegue se superar a cada instante.
Esta chegando o grande dia, de voce ver e sentir o quanto vale tudo o que fazemos com amor e garra....
A menininha que queria ensinar, hoje alcancou muito mais que isto, pois com sua sensibilidade consegue fazer e sentir a grandeza do valor e a importancia de cada ser vivente deste mundo tao desprovido de sentimentos....
Estrela que ilumina meu ser.
Nádia
amo teus textos... a sensibilidade... a tradução do "teu olhar o mundo"
acompanho o blog faz tempinho, mas só agora deixei o post.
...vc vai longe!
deixa esta tua estrela brilhar.
um abraço,
Eu também sempre tive essa mesma opinião, só não tinha conseguido expressá-la de forma tão clara e sensível como você. Pois é, de que adianta ler a notícia pura e simples de um fato ocorrido? Um fato por si só não existe, ele só vai existir na sua relação com o sujeito. Bem, não é à toa que, quando criança, a palavra que mais gostei de aprender e que me esclareceu muito sobre algo que eu já sentia no mundo e nas pessoas foi "hipócrita". E a palavra que mais me pareceu confusa e na qual nunca encontrei real sentido foi "imparcial".
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