domingo, maio 20, 2007

Cabelo

Queria palavras agudas pra reagir a gravidade.
Precisava com urgência de um grito. De eco.
Uma dose pouca, mas real de liberdade pra desejar o que não tenho.

Ontem, montei a rede num lugar diferente.
Mas as árvores nos conheciam, lembra?

De certo não lembra.
Chovia e hj era sol.

Talvez lembrasse...

Não há como saber.

Meu verbo é mudo. Seu silêncio agudo.
É noite, é grave e realmente não há como saber.

Te encontro no acaso. Acaso que é fio. Me conduz.
Eu te guardo.

Bastaria um jeito simples, jeito qualquer...
Caminho curto que me levasse até onde não sou, senão ausencia.
Mas antes seria necessário ser ausencia.
Como se sou não sei. Não sou.

Se o que falta faltasse simplesmente, eu não estaria aqui. Estaria lá.
E não haveria noite. E haveria sorrisos. E não haveria o medo - esse que não há.
Não há?

A droga é que falto eu! Onde, como e na hora que eu não poderia faltar.
Sobram motivos pra essas palavras vazias.
Tantas. Inúteis. E pra ninguém.